Carol Loback


Carol Loback


Eu nasci em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Quando tinha dois anos de idade, nos mudamos para Niterói. Meu pai faleceu quando eu tinha cinco anos. Minha mãe, funcionária pública, se dividia entre o trabalho e a educação dos três filhos. Sempre fomos responsáveis pela organização da casa e pelos estudos. Aos treze anos, ganhei um irmão, fruto do segundo casamento da minha mãe. Nossa mãe nos educou com um forte senso de responsabilidade e valor aos estudos. Quando comuniquei meu desejo de estudar teatro, ela me orientou a procurar uma universidade pública, pois seus rendimentos não a permitiriam pagar uma escola particular. 
Comecei a me interessar pelas artes olhando as revistas que minha mãe, que trabalha na Fundação Nacional de Artes, levava para casa. Aos doze anos, fiz meu primeiro curso de teatro. Era o dia mais feliz da semana. Frequentei um centro espírita durante minha adolescência e, nas montagens teatrais de final de ano, cresceu meu desejo por me tornar atriz profissional. Aos dezessete anos, não tive dúvida da escolha de qual universidade gostaria de cursar. Prestei vestibular para Artes Cênicas, na Universidade do Rio de Janeiro.
 
-Na infância, fui uma ávida consumidora de telenovelas. Quase não íamos ao cinema e, quando acontecia, assistíamos filmes americanos ou nacionais, Xuxa, Os Trapalhões… Na adolescência, comecei a frequentar o teatro. Denise Stoklos, Marília Pêra, Marco Nanini, Gerald Thomas, entre tantos outros, me fascinavam com sua grandiosidade cênica. No cinema, durante a faculdade, gostava de assistir aos filmes do Bergman, Truffaut, Hitchcock e Fellini.
-Não acredito que se possa ensinar alguém a ser artista. Você nasce artista ou não. Tem a ver com a sua forma de olhar o mundo, com uma inquietação e uma sensação de que você precisa trabalhar para devolver algo que nasceu com você. Isso não exclui a necessidade do aprimoramento. O artista deve ser, antes de tudo, um curioso, um investigador da vida, um insatisfeito, alguém que traga à sociedade um novo olhar sobre as coisas. Para isso, você precisa se alimentar de conhecimento, vivências, precisa mergulhar fundo na própria alma. O artista está em constante formação e, se ele acredita que chegou ao seu auge, significa que  morreu.
-Já recebi retornos muito positivos do público. Saber que toquei a vida de uma pessoa com meu trabalho, faz valer à pena toda minha trajetória. No entanto, quero mais, sempre. Estrelato mundial seria muito bem-vindo. Apesar de soar pretensiosa essa afirmação, não nego sua veracidade.
-Ser mulher sempre é mais difícil. O mundo, tal como vivemos hoje, foi sendo moldado, principalmente, pelo desejo e forças masculinas. Em qualquer profissão, não tem como fugir a esta realidade. Nossos salários são menores e nossa fala sempre é interpretada pelo viés do gênero.
-No Brasil, hoje, vivemos um governo que flerta com o autoritarismo e a cultura do patriarcado. Nesse contexto político, os artistas viraram “personas non gratas” por expressarem livremente suas opiniões e, em sua grande maioria, se contraporem ao governo atual. Temos muitos editais de cultura, apesar dos mesmos estarem em constante ameaça de censura por parte do governo. O Ministério da Cultura foi extinto e, em seu lugar, temos uma Secretaria Especial da Cultura, que é ocupada, atualmente, por um ator claramente sem qualificação para exercer a função. São tempos difíceis para os artistas e para a arte.
Carol Loback

-Não sou dançarina. Sou atriz e roteirista. Preparo minhas personagens lendo e relendo o roteiro. Investigando em mim mesma os pontos em comum com a personagem. Sempre parto da pergunta: se eu fosse essa pessoa, vivendo essa situação, como me portaria? Com quem essa personagem se parece? Como ela respira, pensa e sente?
-Quando um trabalho me é oferecido, sinto uma enorme gratidão. Tenho consciência do privilégio que é trabalhar com arte. Analiso a proposta e reflito se cabe na minha visão de mundo. Se a obra está alinhada aos meus valores e se me sentirei feliz ao realizar o trabalho.
-Atualmente, produzo um podcast de crônicas chamado: Quem é você na fila da quarentena? Eu e a Flávia Braz somos as donas do projeto. Ela escreve crônicas sobre relatos da quarentena e eu faço a locução. Queremos transformar esse produto em uma peça de teatro, estamos trabalhando para que isso aconteça. Até maio deste ano, escrevi roteiros para uma série de tv à cabo que, por conta da pandemia, ainda não começou a ser produzida.
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